Como montar uma agência de Marketing Digital

Você quer empreender no mercado de agências e não sabe por onde começar? Neste artigo te mostramos os primeiros passos, confira

Mônica Bruel
Mônica Bruel24 de setembro de 2020
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Você responderia "SIM” às descrições abaixo?

1 - Empreendedorismo está na sua essência? 

2 - Você é criativo(a)?

3 - Você gosta de Marketing, Vendas, gestão de times e projetos? 

4 - Você é do tipo “vai com medo mesmo”, que gosta de assumir riscos? 

5 - Sabe da sua capacidade (tem auto estima e confiança), e apesar do que os outros possam dizer, você confia que vai dar certo ou que ao menos vale a pena tentar? 

Se as respostas foram positivas, então você é o perfil ideal para abrir sua própria agência de Marketing Digital!

Mas como montar sua agência de Marketing Digital? Por onde começar? Tentaremos elucidar essas questões neste artigo. 

Plano de Negócios no modelo “e se…?”

Não existe uma fórmula mágica para evitar erros, mas existe uma maneira de reduzi-los: planejamento. Você precisa saber qual é o cenário mais positivo possível, o pior cenário e todos os intermediários; e saber como agir frente a cada um. 

No TEDx de Natalie Fratto, uma especialista em entrevistas a CEOs de startups, ela comentou que não avaliava o perfil das grandes conquistas do passado nem os planos para o futuro. Ela baseava sua avaliação sob as chances que o CEO teria de prosperar ou não em um novo negócio através de perguntas “e se…?”

Gostamos muito desta abordagem pois acreditamos que para você ter sucesso em ser dono de uma agência de Marketing Digital (assim como em qualquer outro negócio novo), você deve estar preparado para TODOS os cenários do tipo “e se”. Veja abaixo alguns exemplos para você refletir:

Cenário pessimista

E se você ficar sem clientes fixos por um ano? Teria fluxo de caixa para manter tanto a agência como os seus custos de vida? Se sim, por quanto tempo? Conseguiria lidar com a pressão interna, expectativas, comentários de amigos e familiares indicando a desistir?

Cenário Conservador

E se você conseguisse, entre clientes fixos e projetos, apenas o suficiente para manter os custos da agência, sem lucro? Teria investimentos hoje que lhe auxiliem a pagar as contas para poder focar no desenvolvimento do negócio?

Cenário Arrojado

E se você conseguisse mais clientes do que pode atender sozinho? Você tem um bom networking de profissionais do ramo de Marketing Digital e conseguiria rapidamente contratar funcionários fixos ou freelancers para atender as demandas dos seus clientes?

No trabalho de Natalie, o modelo de avaliação não foca somente nos feitos históricos do passado ou no sucesso atual. A prioridade é avaliar se uma pessoa possui um perfil de êxito no seu novo negócio, determinado por sua adaptabilidade.

Podemos ser líderes natos, bons em entregas de projetos, excelentes no relacionamento com os clientes e termos um networking incrível. Mas, e se hoje você acordasse e descobrisse que 50% dos seus clientes foram para o seu concorrente? Ou que 50% dos seus funcionários pediram demissão?

Os melhores empreendedores, de acordo com as observações da entrevistadora do TED, tinham uma resposta rápida e que fazia sentido frente às possibilidades de catástrofes acontecerem. E, mais importante: mesmo assim eles se mantinham com fé de que tudo daria certo e tinham um plano de ação na ponta da língua.

De forma resumida, bons empreendedores pensam rápido, agem com cautela e estrategicamente pensando no curto, médio e longo prazo.

>> Leia mais: Plano de negócios: o que é, vantagens e como fazer um para o seu empreendimento

Como montar uma agência de Marketing Digital: Primeiros passos

Ok, vamos então supor que você tenha o perfil citado acima e tenha MUITA vontade de abrir sua própria agência, com conhecimentos suficientes para garantir entregas de resultados para os seus futuros clientes. 

Vamos para um passo a passo prático de como abrir a sua agência?

Defina qual é o posicionamento da sua agência

Reconhecer uma identidade e se posicionar é mais difícil do que muitos empreendedores acreditam, mas é o ponto de partida para desdobrar o modelo de negócio da sua agência.

Por isso, deixamos algumas provocações para você:

  1. Pare e reflita por um momento: quais palavras representam o teu negócio (conteúdo, design, estratégia, resultados?)
  2. Como tais palavras se conectam para entregar a proposta de valor da sua agência?
  3. Se te pararem na rua agora e perguntassem: “em uma frase, do que se trata a sua agência?'', o que você diria?
  4. Em pelo menos 2 anos, como você vê o seu negócio?

Juntando as respostas das perguntas acima, podemos ver pelo menos dois caminhos: ou abrimos ainda mais interrogações sobre o seu modelo de negócio, ou você consegue enxergar melhor o core da sua agência e onde está (ou deveria estar) posicionado.

Sem dúvida, há muito mais a se pensar e planejar agora, mas o primeiro passo para mantermos sua agência em ascensão já foi dado.

O que faz uma agência de Marketing Digital?

Antes de mais nada, você precisa saber o que a sua agência faz e o que os seus concorrentes fazem. Bons vendedores (sim, porque você será o principal vendedor da sua agência) sabem o que estão vendendo! 

A seguir, mostramos as principais classificações de agências de marketing hoje. Veja qual delas mais se encaixa com o seu perfil:

  • Agência full-service: É aquela que atende TODAS as demandas de Marketing Digital do seu cliente, seja através de funcionários internos, freelancers ou mesmo de parcerias com outras agências. O importante aqui é que o cliente tem um único ponto de contato (ou ponto focal na sua agência) para atender a todas as suas demandas.
  • Agência Especialista: nesse caso, você se torna conhecido por fazer apenas uma, ou algumas partes de um projeto de Marketing Digital, e se torna extremamente bom (ou altamente especialista) nessa(s) parte(s). 

Seja qual for o modelo que você adotar, você pode ter diferentes tipos de projeto:

  • Projetos Pontuais: tem início, meio e fim, como por exemplo construir um website. Esses projetos podem ser mais caros, mas não trazem previsibilidade de receita no longo prazo;
  • Projetos de Longo Prazo: pressupõe o pagamento de mensalidades. Esse tipo de projeto garante mais previsibilidade ao negócio. Alguns exemplos são: gestão de mídias sociais, Inbound Marketing, manutenção de sites, produção e publicação de conteúdo.

Você sabe o que os clientes buscam ao escolher uma agência de marketing digital? Sempre fique atento às necessidades de mercado! Use isso como guia para estabelecer o posicionamento da sua agência.

Seja qual for o modelo que você escolher, seja o seu próprio case de sucesso. Como uma agência nova no mercado, você ainda não terá muitos cases de clientes, por isso é importante seguir a máxima: “casa de ferreiro, espada ninja na vitrine”! Nada de espeto de pau com o seu próprio negócio, combinado?

E claro, entregue resultados relevantes para os seus clientes, para que eles permaneçam com você, afinal, recorrência e indicação são ótimas fontes de garantir lucratividade e previsibilidade.

Como legalizar uma agência de Marketing Digital?

O procedimento aqui é bem simples. É como abrir qualquer outro tipo de empresa no Brasil, pois você precisará dos seguintes ítens:

      1) Um CNPJ para emitir notas fiscais aos seus clientes e justificar sua renda;

      2) Uma conta de Pessoa Jurídica no banco de sua preferência;

       3 ) Escolher o modelo de empresa/fiscal ao qual sua empresa irá se enquadrar. Existem diversos modelos de empresas no Brasil:

  • Sociedade Empresária Limitada (Ltda.) 
  • Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli)
  • Sociedade Simples (SS) 
  • Sociedade Anônima (SA)
  • Microempresa (ME) 
  • Empresa de Pequeno Porte (EPP)

O mais simples, comum e rápido para quem quer iniciar uma empresa, é a opção ME.

Micro Empreendedor Individual (MEI)

Essa é a opção com menor burocracia, podendo ser totalmente realizada eletronicamente. Como um MEI pode-se faturar até R$ 81.000,00 por ano, pagando um valor baixo de imposto. 

Outras facilidades são:

  • Poder contratar um funcionário
  • Conseguir crédito para expandir o negócio
  • Vender por Cartão de Crédito (Maquininha)
  • Ter direito aos Benefícios Previdenciários

Ah, mas vale destacar que você não pode ser MEI se já for titular, sócio ou administrador de qualquer outra empresa. Nesse caso, você só pode ser um MEI se sua especialização for atuar com projetos pontuais de eventos, e se registrar como Promotor de Eventos com o CNAE 8230-0/01 - voltado para Serviços De Organização De Feiras, Congressos, Exposições E Festas, e fazer parcerias com agências Full Service para a Execução de Serviços de Marketing Digital nesses eventos que possuam CNPJ adequado para agência de marketing digital.

Microempresa (ME)

Caso siga por esse caminho, você precisará de um contador para te ajudar, mas o processo costuma ser simples e rápido. A ME é indicada se você pretende ter mais de um funcionário ou faturar entre R$ 81.000,00 e até R$ 360.000,00 por ano.

Como escolher qual é a melhor opção para eu abrir a minha agência de Marketing Digital?

O primeiro passo é contratar um contador. Ele irá definir com você qual a melhor opção fiscal com base no que você precisa. Após essa definição, você precisará obter um CNPJ Abra a empresa e obtenha um CNPJ e criar uma conta bancária de Pessoa Jurídica

Registre a sua marca

Ao criar uma agência de Marketing Digital, você certamente terá a sua marca: nome, logo, cores, fonte, etc. Para que a sua marca seja sua, você precisa registrá-la. Lembre-se que abrir legalmente uma empresa não é a mesma coisa que registrar uma marca.

Existem três razões principais para você proteger juridicamente a sua marca:

1. Segurança

Falar em segurança pode até não ser algo “descolado” e “hipster” quanto falar de inovação e criatividade, mas é essencial para empresas, especialmente quando um projeto deixa de ser um projeto e começa a virar um negócio propriamente dito.

Em um exemplo simples, imagine um pequeno erro em um logo – ele mal aparece quando impresso em um cartão de visitas. Agora, imagine se você fizer um outdoor com esse logo. O erro provavelmente irá ficar escancarado, para todo mundo ver.

É a mesma coisa na área jurídica. O primeiro ponto, ao pensar em segurança, é que ao registrar sua marca você tem certeza que poderá utilizá-la em toda sua estratégia de Inbound Marketing.

Para isso é necessário fazer uma pesquisa prévia primeiro, e isso inclui verificar se o nome está disponível no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), se não existem nomes parecidos ou iguais em serviços/produtos similares e até mesmo se a fonética não é igual ou parecida com a de um concorrente. Em linhas gerais, não é só ver se o nome está disponível, é muito mais que isso.

Por isso, não tente ser espertinho.  A marca “Dorito” é disponível, mas com toda a certeza você não irá conseguir o registro da marca para usar em um salgadinho.

Em síntese, antes de criar uma marca faça a pesquisa e registre-a, simples assim. O motivo é igualmente simples. Contabilize o tempo e o dinheiro (seu e do cliente) para criar logo, site, estratégia de Inbound etc.  Agora imagine que, depois de tudo isso, no final do processo, você descobre que a marca não pode ser registrada (e muito menos utilizada). Todo esse tempo e dinheiro foram jogados fora. E daria para ter evitado isso tudo com uma pesquisa.

Por isso que falo em segurança. Ao registrar sua marca você tem a segurança de que pode investir nela e posicioná-la no mercado sem medo de perdê-la.

2. A marca é uma propriedade

Esse é um ponto que deve ser dito sempre. A marca é uma propriedade imaterial, mas, mesmo assim, é uma propriedade (no jargão jurídico é um “ativo intangível”). Logo, se é uma propriedade, pode ser comercializada, vendida, cedida – as possibilidades são diversas. Agora como você irá vender algo que não tem como provar que é seu?

Ao fazer o registro da marca você recebe o Certificado de Registro da respectiva marca, que é um documento que prova que você é o titular dela. Isso torna o processo de venda muito mais simples, dá segurança ao comprador (e ao vendedor) e permite ganhar dinheiro com esse ativo.

Quando você compra um carro (ou um imóvel), não se preocupa em ter toda a documentação certa? Então aqui vale o mesmo raciocínio.

Você provavelmente acredita que isso só vale para empresas grandes, como a Apple, por exemplo, que, em pesquisa da Forbes, foi avaliada em 154.1 bilhões dólares. Mas não é verdade – isso também serve para pequenas empresas.

Existe um caso bastante interessante, entre a Subway e um bar chamado Bar e Restaurante Subway. Já deve ter percebido a confusão, certo? Bom, o que foi que aconteceu é que o bar havia registrado primeiro a marca Subway no INPI, e isso inviabilizou o registro da Doctor’s Associates Inc., detentora da marca Subway nos Estados Unidos. O que aconteceu foi um longo (e caro) processo judicial no qual, ao final de tudo, os proprietários do Bar e Restaurante Subway se tornaram homens ricos.

Obviamente esse tipo de coincidência é bastante raro, e não é algo que acontece todo dia. Mas o ponto principal é destacar que uma marca é um ativo muito importante para uma empresa, e sobre isso você já deve saber muito mais do que eu. Isso sem contar que mesmo uma empresa pequena deve procurar criar uma marca bem posicionada no mercado, que atraia seus clientes e inspire confiança, e para fazer isso precisa ter segurança (e volto aqui ao primeiro ponto).

3. A marca é sua startup

As questões referentes à marca e a todo o universo da propriedade intelectual (patentes, invenções, direitos autorais etc.) são um ponto bastante importante para uma startup. Porém, vou falar agora apenas da questão da marca para não apresentar informação excessiva – esse assunto fica para uma próxima postagem.

Um ponto que devemos entender, e aceitar, é que um investidor sempre corre riscos ao investir em uma empresa (seja ela uma startup ou não), e que existe uma conta que é feita pelo investidor, que é basicamente a seguinte: Risco x Potencial lucro. Em linhas gerais, quanto maior for o risco, maior deverá ser o potencial lucro para motivar o investidor.

O registro da marca, e todo um outro universo de questões jurídicas, serve precisamente para reduzir o risco. Durante uma negociação o investidor aceita certos riscos, que são próprios de qualquer negócio, mas outros ele não aceita. E quais são os tipos de riscos inaceitáveis?

Os evitáveis. E nessa categoria se enquadram boa parte dos riscos jurídicos, um exemplo típico de risco de marca é o exemplo do Subway, que é algo que inevitavelmente afasta investidores.

Obviamente o registro da marca não irá resolver todos os problemas jurídicos da sua agência e de seus clientes, mas é um problema a menos, um ponto de incerteza que é resolvida antes de virar problema.

Concluindo: Próximos passos para montar uma agência de Marketing Digital

Ok! Você tem o perfil de empreendedor, decidiu que tipo de  agência vai ser (full-service ou especialista), escolheu o tipo de projeto que será seu foco (pontual ou de longo prazo) e já definiu qual modelo de empresa é mais adequado para a sua agência de marketing! E agora?

Primeiro, é preciso se ater às definições de equipe. Você atuará sozinho ou com um time? Mesmo que inicialmente você opere sozinho, é bom saber quem contratar, onde e quando, para não arriscar ficar sem ter como entregar um projeto. Por isso, não deixe de ter conhecimento sobre modelos de organograma para agências.

Ao abrir uma empresa, você também terá que lidar com vendas. É comum o dono da agência ser também o vendedor, mas é sempre bom pensar em ter um profissional dedicado a essa função. Uma dica aqui é contratar um vendedor com salário fixo mais baixo porém com um comissionamento agressivo. Para quem está iniciando, isso pode ajudar a alavancar oportunidades de negócio. Conheça mais sobre modelos de remuneração de vendedores. E, claro, não deixe de estabelecer um bom processo comercial.

Outra atividade importante que você terá que investir é a precificação. É importante que você estabeleça valores condizentes com os projetos que você entrega. Neste kit te ensinamos tudo o que você precisa saber para fazer isso.

Por fim, nossas dicas são: faça parcerias estratégicas e participe de eventos do seu mercado. Essas são ótimas maneiras de se conectar com empreendedores na mesma jornada que você, fazer networking e criar relações ganha-ganha. 

A caminhada do empreendedorismo não é fácil, mas pode ser extremamente frutífera. Boa sorte e seja persistente!

Mônica Bruel

Mônica Bruel

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