O papel das empresas na busca por igualdade racial: conheça a história do Preto no Preto e seu poder de transformação na RD

Saiba como o coletivo Preto no Preto está atuando tanto dentro da Resultados Digitais quanto no ecossistema de startups e tecnologia

Kayo Albuquerque
Kayo Albuquerque13 de maio de 2020
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“Iremos abrir o caminho para aumentar a diversidade em nosso time.” Essa foi a declaração quando lançamos o Preto no Preto (PnP), coletivo de pessoas pretas e pardas da Resultados Digitais, há cerca de três anos. Desde então, tem sido a premissa norteadora desse grupo de diversidade. Ainda que em formatos diferentes, o objetivo final de nossas ações e projetos é sempre o de “abrir o caminho.”

Temos trilhado um caminho de importantes descobertas sobre o enfrentamento das desigualdade raciais no ambiente corporativo. Ele percorreu e percorre, obrigatoriamente, a autodeterminação. “Me tornei negro”, uma fala dita no vídeo que você confere mais abaixo, é uma expressão constantemente usada por pessoas que, ao se reconhecerem negras, passaram a ter uma postura diferente acerca da suas próprias identidades.

Neusa Santos, em seu livro Tornar-se Negro, afirma que “uma das formas de exercer autonomia é possuir um discurso sobre si mesmo. Discurso que se faz muito mais significativo quanto mais fundamentado no conhecimento concreto da realidade.”

Ao se posicionar dentro da empresa como grupo, o Preto no Preto tornou-se um lugar de identificação e pertencimento para as pessoas negras, em um cenário nacional em que as desigualdades de raça ainda são latentes: segundo o Movimento Black Money, no Brasil a diferença de renda entre negros e brancos é de 40%.

Um espaço de identificação interno

Por isso, como lugar de identificação, as primeiras iniciativas foram voltadas a se reconhecer negros, a unir-se em prol da igualdade racial e da construção de uma identidade positiva sobre si mesmo. Realizamos diferentes encontros de discussão, indicação de leitura de livros, criação de grupo privado em um dos canais de comunicação da empresa para compartilhamento de conteúdo, entre outros.

A partir daí, voltamos nossos esforços para trazer talentos para a RD. Participamos de eventos como o RD on the Road, representando o grupo de diversidade para atrair profissionais negros.

Nas palavras da atual líder do grupo, Camilli Calixto, “a ação foi uma possibilidade para nós do Preto no Preto nos aproximarmos de outros mercados, para além do eixo sul-sudeste, que estão em forte crescimento junto ao Marketing Digital e que possuem profissionais negros em pleno desenvolvimento para o Digital."

Conseguimos nos conectar com muitos profissionais e, na época, fizemos 2 contratações!

Kayo Albuquerque, Larissa Oliveira e Camilli Calixto, integrantes do Preto no Preto

O impacto financeiro da diversidade

Hoje, o tema Diversidade & Inclusão tem sido amplamente discutido no mundo corporativo, não somente pelo fator social, mas também pelo olhar econômico, a partir da mensuração do impacto das iniciativas de diversidade e inclusão para o negócio.

Uma pesquisa da McKinsey, que analisou as relações entre ambientes inclusivos e o retorno financeiro, afirma que empresas com diversidade étnico-racial apresentam retorno financeiro 35% maior que as demais. No entanto, ainda que usássemos a estratégia de “olhar para fora da janela”, a conta permaneceria desigual, pois o acesso de pessoas negras ao ensino superior e às ferramentas tecnológicas ainda é relativamente baixo.

No mercado de Tecnologia e Inovação, por exemplo, os números relacionados à inclusão de trabalhadores negros são desafiadores. De acordo com a organização American Progress, os negros representam cerca de 5% do total de empregados no Vale do Silício e as mulheres negras são 3% do total de pessoas trabalhando em Tech de acordo com o National Center for Women & Information Techlonogy (NCWIT).

Nossa luta enquanto coletivo é para que esses números aumentem e para que o Vale do Silício brasileiro não reflita essas mesmas condições por mais tempo.

Dentro desse cenário, é importante notar que existem profissionais negros altamente capacitados, que buscam empresas engajadas neste tema. Foi o caso da Juliana Sousa, Especialista em C.S. Enablement da RD, para quem a existência do grupo de diversidade Preto no Preto foi essencial para a tomada de decisão sobre mudar de empresa.

Eu me sinto muito abençoada de poder escolher estar em uma empresa que tem um grupo como o Preto no Preto. Sei que essa não é a realidade das empresas do Brasil e é reconfortante saber que há um grupo em que me sentirei ouvida e que me faz sentir representada longe da minha cidade natal. E a luta é para que cada vez mais empresas se guiem pelo exemplo de empresas como a RD para que estejamos cada vez mais presentes, para que nosso trabalho seja visto e para que, principalmente, estejamos onde devemos estar: no topo.”

Ações do Preto no Preto

Todos os anos, em novembro, promovemos a Semana da Consciência Racial do PnP, chamando toda a empresa para a discussão sobre desigualdade racial. São rodas de conversas com profissionais referência no mercado, parcerias (como a que mantemos com Nina Silva, CEO do Movimento Black Money).

Realizamos também rodas de conversa com nossos integrantes. O Vitorino Elima, imigrante angolano que perdeu a visão durante a guerra, participou de um PnP Sessions, compartilhando sua história conosco. Hoje, ele está concluindo a faculdade de Direito e trabalha na RD. São momentos de troca como esse que nos enriquecem.

Papo com Vitorino Elima

Em 2019, para a Semana de Igualdade Racial, utilizamos o contexto de Wakanda em nossa identidade visual, buscamos focar na discussão sobre o mercado T&I, assim como expandimos nossas ações para além dos muros. Somados aos jogos do privilégio realizados na empresa, vivências especiais para pessoas negras, promovemos dois eventos chamados Black Talks.

Semana de Consciência Racial

O primeiro foi um marco em Florianópolis, como os participantes testemunham até hoje. Reunimos cerca de 80 profissionais negros de diversas áreas para conversar sobre nossa presença no setor de Tecnologia. Foi inesquecível para todos nós ver o Lounge da RD com tantos rostos parecidos ao nosso.

Essas foram iniciativas replicadas em outras empresas e isso nos enche de orgulho. O segundo Black Talks foi um workshop focado em carreira com Amanda Graciano, Top Voice LinkedIn, fechado somente para pessoas negras.

Black Talks interno
Black Talks Externo

Nossos planos para continuar avançando

Também em 2019, lançamos o Plano de Igualdade Racial (PIR) da RD, mencionado no vídeo, como iniciativa pública da empresa para estabelecer diretrizes na busca de diversidade racial.

Vitor Martins, coordenador do PIR, afirma que “ele fala sobre a forma como a Resultados Digitais espera atuar daqui por diante em relação a esta temática e quais mudanças serão necessárias. Como resultado esperamos de forma contínua inserir cada vez mais as questões raciais em cada área, projetos e ações da nossa empresa.”

Passamos a participar e a incentivar a inclusão de pessoas negras nas pautas mais diversas levantadas em nossa empresa. Este ano, no mês da mulher, por exemplo, trouxemos Suelen Marcolino, Gerente de Relacionamento LATAM do LinkedIn, para um hangout transmitido para toda a RD.

Vemos nossas ações como peças de um grande quebra-cabeça. A cada peça preta colocada no lugar certo, uma vitória para todos nós.

Dia das Mulheres RD

Nas palavras do Vitor, "o grande desafio é trazer a temática racial para um debate que faça sentido para as organizações e os colaboradores sem perder de vista que vivemos em um mundo hierarquicamente desigual. Nesse sentido, compreender qual é o real compromisso de cada empresa para a superação das desigualdades raciais."

Vitor Martins

Precisamos nos enxergar nos lugares

Este debate também foi fomentado internamente ao trazermos a doutora Lia Schucman para falar sobre "O papel da branquitude na luta contra o racismo", em duas palestras, uma aberta para todos os funcionários e outra exclusiva para líderes da RD.

A fala da Larissa Oliveira no vídeo lançado hoje resume o sentimento de todos nós quando esbarramos com outros negros pela empresa. É um misto de sentimento de dever sendo cumprido e enormes desafios a serem vencidos. Ela não sabe ainda, mas a Juliana Souza relata que um cumprimento da Larissa foi motivo de retificação sobre a decisão de aceitar a proposta da RD. “A gente se ver nos lugares é quase estar um pouco mais viva”.

Para a data de hoje, 13 de maio, escolhemos não comemorar o dia da abolição que, de fato, não aconteceu e que segue inconclusa. Pelo contrário, inúmeras lutas surgiram a partir dessa data. Cada um dos lugares que conquistamos é fruto de uma luta árdua numa sociedade estruturada no racismo. Não celebraremos, pelo contrário, continuaremos lutando pelo nosso espaço e para que nossa voz seja ouvida.

Fiquem com o vídeo que foi feito para esta data:

Kayo Albuquerque

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