ARTIGO: É preciso viver uma transformação criativa para acessar a economia criativa

Natália Montibeller, cocriadora na Transcriativa, fala sobre a economia criativa e o papel das agências para a criatividade nos negócios

Natália Montibeller
Natália Montibeller19 de maio de 2021
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Muito tem se falado em economia criativa. A expressão ganhou destaque e autoridade nos últimos tempos pela importância coletiva e financeira que se tem dado ao capital intelectual.

Essa nova economia - que de nova não tem nada - é subdividida em 4 grandes setores: consumo, mídias, cultura e tecnologia. E as agências estão envolvidas diretamente em todos os 4.

Isso porque as agências sempre foram o berço da criatividade para os negócios. Antes mesmo de as empresas saberem a importância do marketing, eram as agências que carregavam a missão de diferenciar comportamento, autoridade e comunicação das marcas.

Mas nesse novo contexto, qual o papel e posicionamento das agências?

Natalia Montibeller

Tecnologia substitui processo, não substitui a criatividade

Acontece que, nos últimos anos, a consciência das empresas cresceu e a transformação digital chegou. O acesso a tecnologias que propõem a facilitação do marketing convidou as agências a empregarem estratégias criativas que vão além dos algoritmos, automações e fórmulas de sucesso.

Tecnologias são ferramentas que, quando sozinhas, replicam um método que todo mundo pode fazer. No mundo digital elas ainda funcionam, mas o consumidor já sacou a manobra e tem sido, mesmo que inconscientemente, mais exigente no comportamento de consumo.

Nesse contexto, as agências deixaram de se tornar essenciais por operarem tecnologias. Agora, elas têm sido chamadas a pensar estrategicamente para os clientes e se posicionarem como um parceiro de negócios. Marcas desejam vender mais, mas também desejam ser vistas com autoridade, com comunicação diferenciada, relacionamentos bem ajustados, e criando conexão emocional com o público.

A economia criativa vem para olhar pra esse lado - um lado de complexidade humana, eu diria. Vem para atender a exigência de um consumidor que sente, veja que interessante! E não tem como falarmos de sensações, experiências e comportamento sem sermos criativos. É preciso criatividade para sentir o que a tecnologia não sente.

E, sendo reputação a nova moeda, estão as agências preparadas para serem facilitadoras criativas de negócios com futuro?

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Economia criativa na prática

Em 2019, nós da Transcriativa rodamos o Brasil numa expedição de motorhome para entender como a criatividade está aplicada no real empreendedorismo brasileiro. 

Esse foi um projeto que nos convidou a, mais do que falar de economia criativa, viver a economia criativa. E, meus caros, nossa cabeça que já trabalha com o mercado de inovação há um bom tempo, virou 180 graus.

Junto com a mLabs, viajamos por 2 meses, mais de 10 mil quilômetros e 12 estados do país mais criativo do mundo. Fomos além dos grandes centros e rodamos também o interior do Brasil, um país que não se conecta, não se consome e é sedento por soluções.

Por mais que existam soluções, por mais que a tecnologia seja infinitamente escalável, por mais que se invista em comunicação, a inovação ainda conversa com bolhas de maturidade e privilégio digital. E o Brasil fora dessa membrana é muito grande.

Apesar disso, existe uma rede muito forte, um coletivo de profissionais que têm olhado com atenção a nichos de mercado ainda inexplorados. Envolvendo ou não tecnologia, a rede do empreendedorismo criativo é surreal: forte, cheia de propósito e disposta a ajudar o outro. Verdadeira empatia empreendedora. 

E essa rede sim está por todos os cantos. Eu diria até que as empresas de inovação têm muito a aprender sobre capilaridade e simplicidade comunicacional com essa galera.

>> Leia mais: Inclusão digital: saiba quais são os benefícios para as pessoas e os desafios para as empresas

Criatividade por toda parte

Entrevistamos empreendedores de todas as classes, desde um picolezeiro que parcela picolé na praia em 12x (e nos deu uma aula valiosíssima de marketing) até a Maria Paula, potência feminina, empreendedora e criativa que encontramos no RD Summit.

Essas mais de 150 entrevistas realizadas - e muito bem vividas - proporcionaram a nossa verdadeira transformação criativa. Era, de fato, um MBA por dia. Muita honestidade comportamental, muita diferenciação de negócios, muita vida empreendedora sendo abastecida pela energia da criatividade.

Viver tudo isso nos fez expandir a visão do que é comunicação e estratégia de negócios.

Nós não somos uma agência, mas eu adoraria viver isso caso eu fosse. Nós também não somos uma empresa tradicional de soluções commoditizadas, mas eu teria uma outra perspectiva sobre o meu negócio se rodasse o Brasil investigando esse ponto de vista.

Essa experiência de rodar o país por terra foi o verdadeiro "ir a campo", que consultivamente incentivamos, mas pouco fazemos. Assista ao documentário que lançamos sobre a viagem:

Transformação criativa é o primeiro passo para a economia criativa

As agências, antes de proporcionarem transformação criativa aos seus clientes, deveriam "ir a campo" e viver a sua transformação criativa. Já eram os tempos em que a gente cuidava mais da empresa do cliente do que da nossa própria empresa. Essa onda de  autocuidado serve também para os negócios.

A explosão criativa que podemos proporcionar após a nossa própria explosão é o segredo. É isso que nos tira do ponto de vista de executores, escravos da tecnologia, para sermos estratégicos, potencializados pela inovação.

É partindo de um ponto de vista curioso, corajoso e pessoal, que se integra a potência criativa capaz de levar a agência, seus clientes, e os negócios de um país inteiro a outros patamares.

Inclusive, Cannes Lions, a meca da economia criativa mundial, abriu uma nova categoria de avaliação em 2020 chamada Transformação Criativa de Negócios. E a Transcriativa, visionária que é por se permitir viver a própria experiência, defende a transformação criativa dos negócios do Brasil. 

As agências são protagonistas importantes nesse movimento, afinal, este é o chamado para um resgate da coragem criativa que o segmento nunca deveria ter perdido.

Criatividade é a palavra do momento e disso a gente já sabe. Mas o quanto sabemos praticá-la aos outros e a nós mesmos? O quão audacioso é exigir que clientes e o mercado aja de acordo com nossas expectativas se nem nós mesmos conseguimos agir de acordo com as nossas próprias?

Falar de economia criativa é um processo que começa pelas pessoas, depois nosso negócio, para aí sim transbordar aos clientes e ir além.

É preciso viver a transformação criativa para acessar a economia criativa. E este texto é um convite!

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Natália Montibeller

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