Saiba o que é acessibilidade digital e aprenda como produzir conteúdos acessíveis

Mesmo com 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, estima-se que somente 2% dos sites no país preocupam-se com acessibilidade digital

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Resultados Digitais23 de dezembro de 2020
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Acessibilidade digital é o processo de tornar produtos digitais, como sites, textos e aplicativos, acessíveis para todos, independentemente das deficiências ou limitações que possuem.


Já parou para pensar como um cego consome o conteúdo que você publica no blog da sua empresa? Ou como um surdo que se comunica por Língua Brasileira de Sinais (Libras) compreende o vídeo que você postou no seu canal no YouTube?

Se o seu negócio tem uma presença na internet, mas você nunca refletiu sobre isso, talvez esteja na hora de pensar sobre acessibilidade digital. Neste artigo, entenda o que é, quais os benefícios e como adaptar os seus sites e os seus conteúdos de modo que possam ser acessados por todas as pessoas. Acompanhe!

[index title="Índice"]

O que é acessibilidade digital?

A acessibilidade digital consiste em eliminar barreiras para a navegação na internet. Essa dificuldade atinge, principalmente, pessoas com deficiência e outras limitações, que encontram obstáculos que podem não só tornar mais difícil como impossibilitar o acesso a sites, conteúdos e aplicativos.

O tema é tão relevante que tem até um dia dedicado a sua conscientização. É o Dia Mundial da Conscientização sobre Acessibilidade (Global Accessibility Awareness Day, ou GAAD), criado em 2012 e celebrado toda terceira quinta-feira do mês de maio. 

A data foi inspirada por um post publicado em um blog pelo desenvolvedor Joe Devon, que chamava atenção para a falta de informações sobre acessibilidade digital. O objetivo é incentivar profissionais a se esforçarem para tornar produtos digitais mais acessíveis para pessoas com deficiência.

Depois de quase 10 anos da criação da data, no entanto, os números mostram que ainda há um longo caminho a percorrer: segundo pesquisa realizada pela W3C (World Wide Web Consortium, consórcio internacional responsável por padronizar a rede mundial de computadores), por exemplo, apenas 2% dos sites brasileiros são acessíveis.

Essa falta de acessibilidade entre os sites brasileiros, porém, não ocorre por falta de demanda. Apenas no país, estima-se que o número de pessoas com deficiência ultrapasse 45 milhões, de acordo com o IBGE. No mundo, esse público é de 1 bilhão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Além disso, criar ambientes digitais acessíveis também não é um bicho de sete cabeças para profissionais capacitados. 

Por que avançamos lentamente nessa área?

Isso acontece porque, antes de atravessar as barreiras de acessibilidade digital, existe uma muito maior, que não tem a ver com tecnologia e informação, é invisível e não pertence ao mundo digital: a barreira da mentalidade.

Ainda temos dificuldade em promover a acessibilidade porque esbarramos na atitude exclusiva, aquela que nos limita a desenvolver sites e criar conteúdos digitais limitados a um único padrão de pessoa, sem diversidade funcional e sensorial. 

Muitas vezes, quem trabalha com Marketing Digital (produtores de conteúdo, designers, desenvolvedores) não considera essa grande parcela da população como persona em seus projetos.

Por que investir em acessibilidade digital?

Estereótipos e preconceitos são culturais, e não se modificam do dia para a noite. Por muito tempo, a diversidade e a inclusão foram desvalorizadas, e essa mudança de cenário ainda está em curso. Nesse processo, a informação é uma grande aliada.

Em 2019, 69% dos participantes da pesquisa inglesa Click-Away Pound disseram abandonar sites devido às barreiras de acessibilidade encontradas. Além disso, 86% declararam que gastariam mais em uma loja virtual caso ela fosse acessível.

Dados como esse mostram que não é só esse público de milhões de pessoas que sai ganhando quando se investe em acessibilidade digital. Essa é, também, uma maneira de a sua empresa levar seus conteúdos, produtos e serviços para todos, diferenciando-se da maioria. 

Como criar conteúdos acessíveis? 5 dicas para usar na sua empresa

A essa altura você pode estar se perguntando: "mas como criar conteúdos acessíveis para a minha empresa?". A seguir, vamos compartilhar algumas boas práticas de conteúdo e design acessíveis que podemos adotar no nosso dia a dia.

1. Entenda o que são tecnologias assistivas

Na prática, dependendo do tipo de limitação que possuem, as pessoas utilizam tecnologias assistivas variadas para executarem tarefas. Elas vão das mais simples às mais complexas em seu dia a dia, inclusive no mundo digital.

Cegos, por exemplo, navegam por meio de softwares leitores de tela, que “narram” o conteúdo da página para eles. Já as pessoas surdas, que utilizam Libras como seu primeiro idioma, geralmente têm dificuldade de compreender o português. Pessoas com limitações motoras severas, como tetraplégicos, navegam pela boca, pelos olhos ou por comandos de voz.

É importante levar em conta essas tecnologias assistivas na hora de produzir os seus conteúdos.

2. Crie conteúdo multiplataforma e multissensorial

Quanto mais sentidos, mais acessível. Para criarmos conteúdos cada vez mais inclusivos, precisamos considerar que as pessoas acessam as informações por diferentes canais sensoriais, seja por conta de uma deficiência sensorial (como a visual e a auditiva) ou por conta de uma situação que causa deficiência sensorial (como o ciclista que tem a visão limitada ou uma pessoa em um show com música alta tem a audição limitada).

Para atender as necessidades desses diferentes públicos e ainda tornar a comunicação mais imersiva, a comunicação multissensorial é uma ótima solução. Vídeos com legendas, textos com áudios e imagens com descrições são alguns exemplos de combinações. Se for possível o uso de mais de uma dessas plataformas combinadas, o conteúdo fica mais inclusivo ainda!

Aqui no blog, por exemplo, você pode encontrar vários textos com áudio, inclusive um post sobre como usamos conteúdos narrados para melhorar o engajamento com o público! Essa é uma estratégia de acessibilidade que tem diversos benefícios, como melhorar SEO, gerar mais Leads, ajudar quem tem dificuldade de leitura e humanizar a comunicação digital.

3. Use legendas nos seus vídeos

Se você não tem o hábito de legendar seus vídeos, além de estar criando barreiras para que pessoas surdas ou ensurdecidas tenham acesso (e não estou falando apenas de pessoas com deficiência auditiva, mas também da sua avó que coloca o som da TV no máximo), você deixa de se comunicar também com todas as pessoas que assistem vídeos nas redes sociais sem áudio. Em 2016, o Facebook relatou que 85% dos seus usuários tinham esse hábito.

E que tal acrescentar descrição às legendas? Dessa forma, aqueles que só estão visualizando as imagens sabem que uma música está tocando ou que alguém está muito enfurecido.

Exemplos: “funk tocando enquanto o casal conversa”, “fulana fala alto com ciclano”.

Descrição da imagem: post do instagram da Resultados Digitais. Imagem com fundo azul e uma mulher de cabelos longos escuros e roupa preta. Na legenda: eu tenho uma ótima notícia para você!

4. Inclua descrições das imagens

Para que as pessoas cegas e com baixa visão consigam acessar as informações na web, elas utilizam os leitores de tela. É uma tecnologia assistiva que converte texto em discurso sintetizado, permitindo que o usuário ouça em vez de visualizar. Porém, para que essa tecnologia funcione, ela depende que nós façamos nossa parte.

As imagens com informações, ou seja, fotos, gráficos, organogramas, ilustrações, imagens que substituem botões ou links, gráficos, devem conter uma descrição objetiva e imparcial por meio do atributo ALT. Nas redes sociais, o texto alternativo, como é chamado o recurso de descrição de imagens, também pode ser inserido pelos usuários na hora de postar imagens.

Muitos perfis utilizam a hashtag #PraCegoVer antes da descrição nas legendas dos posts para alertar sobre a invisibilidade das pessoas cegas nas rede sociais. A ação é uma provocação sobre quem realmente é cego: a pessoa que possui uma deficiência visual ou os usuários incapazes de enxergar a diversidade?

Veja um exemplo abaixo, no vídeo do RD Sum, projeto de inclusão da Resultados Digitais, que tem audiodescrição e intérprete de libras:

5. Estruture os textos de maneira acessível

A organização da estrutura e do fluxo das informações em texto impactam diretamente as pessoas com deficiência visual que dependem de leitores de tela, pessoas com deficiência intelectual e também quem navega via mobile. Simples escolhas de formatação são capazes de tornar a informação acessível para esses públicos:

Priorize o básico

Fontes serifadas podem até ser estilosas e dar um tom artístico para o texto, mas são difíceis de serem lidas por grande parte das pessoas com baixa visão e com deficiências visuais situacionais, como ler em um ambiente muito ensolarado. Assim como as serifas, as fontes cursiva e fantasia também não são uma boa escolha, inclusive para quem tem problemas na visão (quem tem astigmatismo deve compartilhar da mesma dor).

Quando pensamos em simplificar o texto para torná-lo mais acessível, também nos referimos à estrutura semântica e construção gramatical. Frases muito extensas, parágrafos com muitas linhas, uso da voz passiva e de figuras de linguagem são barreiras para a compreensão do conteúdo para muita gente. Tenha em mente: simples é melhor.

Descrição: imagem com letras embaçadas, simulando a visão de uma pessoa com astigmatismo.

Alinhe os textos à esquerda

Muitas pessoas com deficiência intelectual têm dificuldade de leitura por meio dos blocos de texto justificados, devido aos espaços desiguais entre as palavras. Segundo os princípios de UX, priorizar o texto justificado à esquerda é uma maneira de garantir a legibilidade do conteúdo, ao facilitar a visualização para o maior número de usuários possível.

Opte sempre pelo contraste e pela visibilidade

Escolher as cores certas de textos, imagens, ícones e fundos é essencial para garantir a acessibilidade do conteúdo. Segundo as Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG) a recomendação é que a taxa de contraste seja no mínimo 4.5:1 para texto normal. Há inúmeros testadores de contraste gratuitos que podem te ajudar nesse trabalho.

Escolher as cores certas significa escolher cores visíveis para todas as pessoas. Nem todo mundo consegue perceber e distinguir todas as cores, como é o caso das pessoas com daltonismo, um distúrbio da visão que interfere na percepção das cores, principalmente vermelho e verde e, com menos frequência, azul e amarelo.

Outro fator essencial de acessibilidade para esse público é a combinação de elementos diversos: formas, ícones e cores para representar uma informação. Ou seja, nunca restringir a informação à cor, como usar o verde para sinalizar algo positivo e vermelho para sinalizar algo negativo.

Resumo da ópera: não confie em uma cor para passar alguma informação importante e aposte sempre em um bom contraste entre cores e elementos.

Descrição da imagem: montagem com 2 imagens, ao lado esquerdo, várias frutas coloridas, ao lado direito, as mesmas frutas em tons cores neutras e com pouco contraste. Criação de Juliana Fernandes.

 

Crie vínculos acessíveis

É comum para muita gente a navegação na web por meio do mouse, mas não para todo mundo: pessoas com problemas motores e usuários com deficiência visual, que utilizam leitores de tela, fazem a navegação com a tecla TAB do teclado pelos elementos ativos de uma página.

Um desses elementos é o link, uma referência de dados muito utilizada em estratégias de SEO e que pode ser acessada pelos leitores de tela, desde que seja acessível. E como fazer um link com acessibilidade?

Ele precisa ser claro, descritivo e indicar o conteúdo de seu destino. O ideal é utilizar expressões compreensíveis mesmo fora do contexto, por exemplo: “Acesse o site (nome do site)”, “Saiba mais no portal (nome do portal)” ou o próprio título do conteúdo, como “Kit Ferramentas de Marketing de Conteúdo”.

Gostou dessas dicas sobre acessibilidade digital? Que tal começar a colocá-las em prática na sua empresa para criar uma experiência digital mais inclusiva para todos? 

Conheça também o RD Sum, projeto de inclusão da Resultados Digitais, que tem vagas abertas. Inscreva-se!

Logo clicável do RD Sum: ilustração azul com boneco em cadeira de rodas, mais as palavras Resultados Digitais e RD Sum

Post publicado em outubro de 2019 e atualizado em dezembro de 2020.

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