Review RD Summit 2016: o futuro da gestão de pessoas

Em sua palestra no RD Summit, Deli Matsuo expôs sua visão sobre a gestão moderna de pessoas e como adaptar a cultura de uma empresa a novos contextos

Bruno Volpato
Bruno Volpato20 de julho de 2017
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Deli Matsuo é engenheiro de formação, mas dedicou a sua carreira à área de recursos humanos. Ele foi chefe de recursos humanos do Google para a América Latina, tendo passagens ainda pela empresa no Japão e na sede da Califórnia.

Deli Matsuo voltou ao Brasil em 2011, para comandar o RH do Grupo RBS. Em 2014, abriu o próprio negócio de análise de pessoas, a Appus, em que atende clientes como a TIM, a Gerdau e o Grupo Boticário.

Em palestra no RD Summit 2016, Matsuo expôs sua visão sobre a gestão moderna de pessoas. Ele aponta que as expectativas da geração millennial (nascidos depois de 1980) e a facilidade de acesso a uma infinidade de dados estão mudando a economia e o mundo, exigindo que profissionais de RH acompanhem essa transformação.

Matsuo crê, inclusive, que o Brasil enfrentará sérios problemas se não entrar, com urgência, no que ele chama de “guerra por talentos”. Continue lendo o post para entender melhor essa relação.

Millennials e a fartura de dados

O palestrante afirmou que há duas forças de transformação atuando, neste momento, no mercado de trabalho. São elas:

1. Geração em movimento

Aqui, Matsuo faz referência à geração millennial, que tem expectativas diferentes das anteriores em relação ao trabalho.

Ele lista as exigências dessa turma: remuneração competitiva; benefícios de primeiro mundo; feedback constante, “desde que seja reforço positivo e não crítica”; flexibilidade; oportunidade para crescer “ao menos uma vez por ano”.

2. Dados

A computação de baixo custo e a facilidade de acesso à internet levaram a uma explosão na disponibilidade de informação. Com isso, os dados estão cada vez mais baratos de serem obtidos e armazenados.

“Meu iPhone 7 tem mais poder de processamento

que um MacBook Pro de 2013.”

Essas forças estão mudando, fundamentalmente, como a economia e o mundo operam.

A maior empresa de transporte, o Uber, não tem um carro. A maior empresa de hotelaria, o Airbnb, não tem um quarto. A maior empresa de mídia, o Google, não cria conteúdo.

O que isso quer dizer? “O valor não está no ativo, o valor está na informação”, disse Matsuo.

Talento e transformação

Além das empresas citadas anteriormentes, Matsuo lembrou também do lançamento de ações do Snapchat na bolsa de valores para ilustrar seu ponto. “Empresas que têm 5 ou 10 anos valem mais que outras que têm 100”, citou.

Em comum, Uber, Airbnb, Google e Snapchat têm uma obsessão por transformação, inovação, disrupção e, também, gestão de talentos. Assim, cria-se um ciclo em que pessoas extraordinárias geram empresas de valuation extraordinário.

É aí que entra a “guerra por talentos” citada anteriormente. Para Matsuo, é um conceito que os americanos já usam há tempos, atraindo os melhores cérebros para o país, enquanto o Brasil ainda o ignora. A evasão de talentos aumenta a lacuna econômica entre os países que conseguem atraí-los e os que não conseguem segurá-los.

Se não consegue manter talentos, sua empresa vai fazer mais do mesmo. Assim, os investidores começam a perceber a perda de valor e começa uma espiral descendente que leva os mercados e, eventualmente, o país. Por isso, a gestão de talentos é tão importante: ela muda a forma de captar e reter talentos.

O poder do Vale do Silício

O Vale do Silício, onde estão as principais empresas de tecnologia e informação do mundo, tem uma capacidade de atração gravitacional de talentos como nunca antes. Os melhores engenheiros querem ir para lá.

Assim, defendeu Matsuo, temos que criar aqui no Brasil ambientes de trabalho que sejam transformadores, ou nossa capacidade de inovação vai declinar. Continuarão surgindo por aqui empreendedores inovadores brilhantes, mas eles não vão conseguir competir com empresas globais que conseguem reter e desenvolver talentos.

O palestrante ainda citou alguns pontos a serem observados no modelo do Vale:

Efeito Google

O Google nunca pensou em ser a melhor empresa para trabalhar. “No RH, nos preocupávamos em tomar as decisões corretas, que é ser capaz de, numa multidão, saber exatamente quem temos que promover, demitir, dar benefícios e flexibilidade”, disse Matsuo.

Como usavam muitos dados para tomar essas decisões, as pessoas começaram a se sentir valorizadas no trabalho, criando essa fama. “Mas o Vale do Silício era assim muito antes do Google”, explicou o palestrante.

Orientação por propósito

No passado, as empresas contratavam porque achavam que podiam dar oportunidade de carreira para as pessoas. Os melhores talentos descobriram, porém, que as organizações novas contratam para uma missão: elas não querem ganhar dinheiro, querem mudar o mundo.

É importante vender o propósito do que está fazendo.

“Se você fala com qualquer startup americana, ela não está tentando vender um produto, está tentando mudar um mercado.”

Comando e controle

A nova geração quer que a gestão da empresa seja mais participativa. Isso está gerando, inevitavelmente, um declínio do modelo de comando e controle mais centralizado.

Holocracia

Matsuo pediu atenção para esse tema, que deve crescer nos próximos anos. Em resumo, é quando a empresa tem um sistema de autoridade distribuída — já há vários cases para fazer benchmarking. No Google, por exemplo, ele disse que não deu certo.

Já na empresa de games Valve e na produtora de tomates Morning Star, a coisa funcionou. Essa última virou, inclusive, estudo de caso da revista Harvard Business Review. No Brasil, ele citou a Vagas.com.br como exemplo a ser observado.

Conclusão

Reforçando sua preocupação com as empresas brasileiras, Deli Matsuo deixou uma mensagem final em sua palestra:

“Pensem no que estamos fazendo não só com as nossas empresas, mas com o Brasil. Se vocês não mudarem a forma como as pessoas se relacionam com o trabalho e suas empresas, a gente vai continuar sangrando talentos. E, quanto mais a gente sangrar talentos, mais difícil vai ficar a vida no Brasil.”


Essa foi mais uma palestra da edição passada do nosso evento (você pode conferir aqui todas as palestras do RD Summit 2016 publicadas no blog).

Não perca também a edição 2017 do RD Summit. Este ano serão 3 dias de evento, mais de 8 mil participantes, 8 palcos de palestras acontecendo paralelamente, mais de 80 expositores, networking, entretenimento e muito mais.

Os ingressos já estão à venda nesse link.

Ainda não está convencido? Então veja como foi em 2016:

Bruno Volpato

Bruno Volpato

Quem escreveu este post

Jornalista com mais de 10 anos de experiência em portais de notícias, blogs, assessoria de imprensa e redes sociais. Hoje sou editor deste blog e produtor de conteúdo na RD, além de fazer uns bicos de ator nas redes sociais da firma.

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