Plano de negócios: o que é, vantagens e como fazer um para o seu empreendimento

As pessoas empreendedoras precisam de planejamento para converter ideias em negócios bem sucedidos, e o plano de negócios é uma peça fundamental para atingir esse objetivo.

Bruna Dourado
Bruna Dourado14 de dezembro de 2023
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O plano de negócios é o documento usado para definir o modelo, a estratégia, os recursos, as pessoas e os requisitos necessários para tirar um empreendimento do papel. Com um plano bem feito, baseado em uma boa metodologia, os riscos são reduzidos e as chances de sucesso do negócio aumentam.


A velocidade das mudanças no mundo atual nos abre oportunidades todos os dias. Com a transformação digital, surgem novas necessidades e, consequentemente, novas oportunidades para tirar ideias do papel. De acordo com o Relatório Anual do Global Entrepreunership Monitor de 2023, 20% da população economicamente ativa no Brasil estava engajada em iniciar um novo negócio ou abriu um negócio nos últimos 3,5 anos.

No entanto, empreender não é uma tarefa fácil. Apenas nos primeiros quatro meses de 2023, foram fechadas 736.977 empresas no Brasil, de acordo com dados do Mapa de Empresas do Governo Federal.

Para evitar fazer parte dessa estatística, é importante se preparar antes de abrir um negócio. Dessa forma, o plano de negócios pode ser uma importante ferramenta para diminuir riscos e aumentar as chances de sucesso do seu negócio — mesmo que ele já esteja funcionando.

Para entender o que é um plano e como criar o seu, continue lendo este artigo.

O que é um Plano de Negócios?

Primeiro, temos que nos perguntar: por que a mortalidade de empresas no Brasil é tão alta? Segundo estudo realizado pelo SEBRAE, uma das principais causas do fracasso de empresas é um planejamento de negócio inexistente ou deficiente. Um total de 17% das empresas fechadas em 2020 dizem não ter feito nenhum planejamento e 59% dizem ter feito por no máximo 6 meses.

O plano de negócios é a ferramenta básica para que se aprenda de forma mais profunda sobre o negócio que se quer abrir e o mercado em que está inserido. Isto porque pode fornecer insights poderosos, que podem inclusive alterar a ideia inicial drasticamente. Ele nada mais é que um documento, produto de um período de reflexão e estudo dos sócios antes de partir para a criação da empresa.

Qual o objetivo de um Plano de Negócios?

Criar um documento para planejar o seu negócio é o primeiro passo para entender o que você irá precisar para colocar a sua empresa de pé. Por isso, seu principal objetivo é servir de base para a tomada de decisões estratégicas, que irão definir o futuro do negócio a curto, médio e longo prazo.

Dessa forma, é possível prever problemas futuros, diminuir prováveis riscos e aumentar as chances de sucesso do negócio. Além disso, o plano de negócios te ajudará a estruturar a empresa e as ações que precisam ser colocadas em prática.

Portanto, qualquer empresa que queira tomar decisões mais bem fundamentadas e contar com uma estrutura bem definida, precisa se preocupar em criar esse documento. O mesmo serve para as empresas que já saíram do papel, mas querem se organizar melhor para enfrentar os desafios do mercado.

Leia também: Como fazer Planejamento Estratégico para 2024 [guia completo]

Por que fazer um Plano de Negócios?

De acordo com o modelo de Timmons, que você vê na imagem abaixo, o tripé do empreendedorismo é composto por:

  • Oportunidade
  • Recursos disponíveis
  • Equipe

O plano de negócios atua como uma ponte entre a oportunidade identificada e os recursos disponíveis, avaliando e equilibrando a melhor forma de se maximizar o potencial da ideia de valor com as informações à disposição no momento.

As outras duas interseções, oportunidade – equipe e equipe – recursos, são potencializadas pela criatividade e pela liderança, respectivamente. Isso tudo inserido em um ambiente de incerteza e obedecendo as regras do mercado de capitais, tendo ainda a sustentabilidade como base.

É importante manter os pés no chão

Há muitas vantagens em se preparar um bom plano de negócios antes de iniciar um empreendimento. A principal delas, é reduzir a chance de que os sócios se apaixonem pela ideia, assim perdendo a objetividade nas suas decisões. 

Isto porque, quando idealizamos um novo projeto, é tentador que o botemos em um pedestal, como se fosse a solução genial para os maiores problemas da sociedade. Mas, dificilmente será o caso.

Essa é uma ilusão causada pelo excesso de confiança do empreendedor no valor de sua ideia. Por mais que seja boa, é importante manter os pés no chão durante o planejamento e a execução da empreitada. Por isso, é tão importante contar com um documento bem estruturado, com uma estimativa melhor da realidade do que a imagem que os fundadores podem ter em mente.

Esse pode ser o diferencial entre um projeto que não deu certo e foi abortado a tempo, e a insistência em uma empreitada sem futuro, que pode trazer danos graves para os envolvidos.

Compreensão profunda do empreendimento

Uma segunda vantagem importante é que, durante a criação do plano de negócios, seus elaboradores serão obrigados a mergulhar profundamente no contexto do empreendimento. Assim, terão que estudar a fundo o mercado no qual está inserido, seus clientes, fornecedores, concorrentes, o ambiente regulatório aplicável ao negócio e assim por diante.

E tudo isso, no fim, trará duas consequências importantes. Primeiro, reduzirá os erros que serão cometidos durante a implantação, apesar de não ser possível evitá-los por completo. Segundo, poderá trazer insights críticos, para potencializar o valor do negócio, ou até mesmo alterar a ideia inicial por completo.

Plano de Negócios também tem a ver com comunicação

A terceira vantagem que vale a pena mencionar aqui é que o plano de negócios é uma poderosa ferramenta de comunicação com os diferentes stakeholders. Ele pode ser utilizado para captar financiamento externo de potenciais investidores, como venture capital ou investidores anjo, por exemplo.

Ou então, em uma versão simplificada e mais objetiva, pode ser apresentado para potenciais clientes e auxiliar a fechar vendas. Ou ainda, como meta inicial a ser buscada pela empresa nos seus primeiros anos, direcionando os esforços para que atendam às expectativas iniciais desenhadas.

Entenda como fazer um Plano de Negócios

O plano de negócios nada mais é que um documento preparado depois de muito estudo. Nele, estão as principais premissas e projeções para a empresa e espera-se que, quando pronto, seja capaz de aumentar as possibilidades de sucesso da empresa.

Há algumas ferramentas que podem ajudar a criar esse documento e vamos apresentá-las a seguir.

Business Model Canvas

Em uma fase inicial, pode-se usar estruturas mais simples e diretas, como por exemplo, o Business Model Canvas. Nele, os principais pontos do negócio são sumarizados em 9 itens, apresentados em uma única tela.

Esse documento provê uma boa estrutura para a fase inicial de ideação, quando estamos começando a organizar os pensamentos de como o negócio funciona e quais serão suas propostas de valor. Ou, ainda, quando estamos explorando diferentes ideias de projeto.

O Business Model Canvas ainda possui a vantagem de conseguir ser preenchido de forma relativamente rápida. Isto porque em poucos dias é possível ter um canvas completo.

O que será feito pela empresa é descrito no bloco central, da proposta de valor. Os três blocos da direita focam nos clientes, quem a empresa irá servir. Já os blocos da esquerda organizam como a proposta de valor será entregue. Por fim, os blocos da parte inferior falam do dinheiro: quanto se pretende ganhar e quanto se pretende gastar.

Como podemos perceber, o Business Model Canvas é bastante simplificado e raramente é suficiente para que se tenha um planejamento detalhado para o negócio. No entanto, ele pode fornecer um bom começo, mas normalmente deve evoluir para um plano de negócios mais completo.

Quanto mais profundo for esse plano, menores serão as incertezas na sua implantação e maiores as chances de sucesso. Mas, um documento mais completo pode demorar de 3 a 12 meses para ser criado, em média, diferentemente de um Business Model Canvas.

As 9 divisões do Canvas de Modelo de Negócio

1. Segmentos de clientes

É o público-alvo que sua empresa deseja atingir. Você vai focar em um segmento específico? Se sim, em qual?

2. Proposta de valor

Na proposta de valor, você escreve o que a sua empresa vai trazer ao mercado que gerará valor para os clientes.

3. Canais

Aqui, você descreve quais são os canais de aquisição de novos clientes que sua empresa vai utilizar para gerar demanda e para manter um relacionamento com aqueles que já estão na sua base.

4. Relação com clientes

Neste quadrante, você irá mencionar como a empresa estabelecerá relações com os diferentes segmentos de clientes.

5. Fontes de receita

É a forma como a empresa ganha dinheiro, a partir de diversas fontes de renda.

6. Principais atividades

Aqui, você descreve quais serviços vai realizar para dar conta da sua proposta de valor.

7. Recursos-chave

São os recursos necessários para realizar as atividades-chave. São importantes para que a empresa se mantenha. Podem ser de natureza diversa: recursos humanos, intelectuais, financeiros, dentre outros.

8. Parcerias-chave

São alianças de negócio que complementam os serviços oferecidos pela empresa, como serviços que você vai terceirizar, por exemplo.

9. Estrutura de custos

É como você vai obter receitas por meio da proposta de valor.

Exemplo de Business Model Canvas

Construir um Business Model Canvas pode ser a melhor forma de começar o seu plano, já que esse documento permite criar uma visão geral do seu modelo de negócio.

Mas não subestime essa ferramenta. É por meio dela que você irá definir as estruturas mais importantes do seu negócio, para depois conseguir desdobrar cada item com mais detalhes. Por isso, esse é um documento que fará parte da sua rotina e pode ser consultado diversas vezes, para ajudar a manter o negócio no caminho definido.

A seguir veja um exemplo de um Business Model Canvas preenchido, para que você entenda como fazer o seu.

Também, é importante mencionar que você talvez precise voltar nesse documento e alterá-lo repetidas vezes, assim que passar a entender a viabilidade de determinadas escolhas. Por isso, opte por ter esse modelo em um arquivo editável, que poderá ser revisitado quantas vezes for necessário.

Como fazer um Plano de Negócios no Canvas

Para criar o seu plano de negócios em um Canvas, ou seja, nesse modelo que apresentamos acima, você só precisa de uma folha de papel e um lápis. No entanto, você também pode criar um arquivo digital, para deixar o seu processo mais eficiente.

Existem algumas ferramentas que permitem criar o seu Canvas com maior facilidade, uma delas é o Sebrae Canvas. Após se cadastrar gratuitamente, você poderá adicionar as informações no formato de post-it, como na imagem acima. Depois, é só salvar o documento.

Dica da RD: Se você quiser apenas o modelo do Canvas para impressão, baixe o nosso Template do Modelo de Negócios Canvas gratuitamente.

Modelo de Plano de Negócios: o que ele precisa apresentar

Agora que você já sabe fazer um Business Model Canvas, é importante entender como construir um documento de plano de negócios mais robusto, que contém as principais propostas, levantamentos, premissas e projeções do negócio.

Neste documento você deve adicionar e discorrer sobre alguns elementos importantes para o negócio. Eles devem estar minimamente explicados, para que qualquer pessoa que leia esse material consiga entender a estrutura e funcionamento do negócio. 

Portanto, seu plano deve conter as seguintes partes, que podem ser adaptadas, agrupadas, ou dispostas em uma ordem diferente:

  1. Sumário Executivo: descrição do negócio, mercado-alvo, vantagens competitivas, principais projeções de vendas e de lucratividade.
  2. Equipe de Gestão: organograma e currículo resumido das posições-chave que o negócio precisa rodar.
  3. Pesquisa de Mercado: deve apresentar a indústria, os clientes foco do negócio, os fornecedores, as dimensão do mercado e as tendências, além de concorrentes e necessidades dos clientes não por eles.
  4. Análise Econômico-Financeira: compreende análises das projeções de vendas, margens, lucratividade, custos, ponto de equilíbrio e tempo para alcançar um fluxo de caixa positivo, além de cálculos de retorno, como VPL, TIR e Payback.
  5. Plano de Marketing: contempla os 4 Ps do Marketing, ou seja, as estratégias de precificação, produto, preço e praça. É aqui que são determinados os canais de venda e principais estratégias de propaganda.
  6. Plano Operacional: é a definição dos principais elementos da operação, como a rota de produção e processos operacionais essenciais; a capacidade produtiva; as regulamentações e assuntos jurídicos; a localização geográfica; a logística, sustentabilidade ambiental, social e de governança, etc.
  7. Plano de Implantação: inclui a análise SWOT; cronograma macro; levantamento de riscos e análise de cenários; contratações de pessoal; necessidade de capital próprio e externo (investimentos imobilizados e necessidade de capital de giro).

Resumindo, o plano de negócios deve ser abrangente o suficiente para que você tenha um bom conhecimento do negócio como um todo, mas também de cada estrutura da empresa. Mas, também deve ser direto e o quão conciso possível.

Portanto, é importante prestar muita atenção nos detalhes, pois eles fazem toda a diferença e podem diminuir muito os riscos futuros durante a implementação do projeto.

Leia também: Qual é o real papel do Marketing Digital para o seu negócio?

Não foque em acertar 100% do plano

Dê bastante atenção à proposta de valor e à capacidade da equipe de fazer o plano acontecer, mas não se preocupe tanto se as projeções numéricas não se concretizarem à risca. Afinal, é bastante difícil acertar um planejamento na mosca, e nem é esse o objetivo do plano de negócios.

Sua meta aqui é ter um norte como empreendedor e para quem mais estiver a bordo. E, por isso, o conteúdo interessa mais do que a forma. Porém, faça com que o plano tenha uma boa aparência, seja bem escrito e apresenta dados, gráficos e imagens que ajudem a representar as informações contidas no material. Tudo isso pode facilitar o entendimento e a implementação das ideias contidas nele.

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Investir em um bom Plano de Negócios é garantia de sucesso?

Um levantamento realizado por Bill Gross, presidente da IdeaLab, uma incubadora de empresas de sucesso, afirma que um bom modelo de negócio é apenas o quarto fator mais importante para o sucesso de uma startup. Ele ficou atrás dos fatores timing, equipe/execução e ideia.

Timing é o momento em que o projeto é implantado. O mercado tem que estar pronto e realmente precisar da solução que está sendo oferecida naquela ocasião. Equipe/execução é a capacidade das pessoas-chave de fazerem o projeto acontecer. Já a ideia é como agarrar a oportunidade identificada. Todos esses fatores tiveram maior impacto no sucesso de uma startup do que um planejamento estruturado.

Por isso, um plano de negócios, mesmo que muito bem-feito, não é garantia de que seu projeto dará certo. Infelizmente, nada pode garantir o sucesso de uma empresa. Isso porque há outros pontos que podem contribuir ou atrapalhar a empreitada, que nem sempre conseguimos prever ou controlar.

Porém, um plano sem dúvida ajuda a aumentar suas chances de êxito. Nessa mesma pesquisa, foi identificado que o modelo de negócio teve um impacto de 24% no fato de uma startup ser bem-sucedida. Ou seja, um plano robusto aumenta em cerca de ¼ sua chance de triunfo. E isso é mais do que motivo para se investir na criação desse documento.

É possível adaptar e revisar

Outro mito que deve ser derrubado é que o planejamento é imutável e deve ser seguido à risca sob qualquer circunstância. Na verdade, com a velocidade das mudanças do mundo moderno, quando o plano sai da impressora, já está obsoleto.

Por isso, ele deve ser revisto e adaptado com frequência, incorporando novas informações, tecnologias, tendências e eventos incertos que vão certamente surgir com o tempo. Dessa forma, um plano de negócios não é um produto acabado, mas sim está em constante evolução.

E, para finalizar, seu plano não é seu negócio. A realidade é bem diferente do que foi planejado e o empreendedor deve ter isso em mente. Isto porque imprevistos irão acontecer e vão desviá-lo o tempo todo. Por isso, ter a inteligência para discernir quando é aceitável fugir do plano e quando devemos retomar o rumo é uma habilidade essencial.

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Leia também: Tendências de Marketing Digital para 2024: conheça as 10 apostas da RD Station

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Bruna Dourado

Bruna Dourado

Quem escreveu este post

Produtora de Conteúdo na RD Station. Formada em Publicidade e Propaganda, com Pós-Graduação em Marketing e Growth e mais de 7 anos de experiência no Marketing Digital, em empresas de tecnologia, inovação e marketing.

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