Twitter avisa: "clica no link antes de retuitar, fera"

De olho na viralização de desinformação e fake news, o Twitter testa exibir uma mensagem pedindo para que as pessoas, de fato, saibam o que estão compartilhando

Bruno Volpato
Bruno Volpato12 de junho de 2020
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Que atire a primeira pedra quem nunca repassou um conteúdo nas redes sociais sem lê-lo. O método mais popular é o famoso “não sei se é verdade, tô só repassando” no WhatsApp - que, aliás, já está combatendo a prática favorita dos produtores de desinformação e fake news. Agora, o Twitter anunciou que está testando uma nova ação contra esse vacilo também.

Recentemente, o passarinho azul esteve no centro das discussões sobre redes sociais no mundo, ao apagar um post do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Jack Dorsey, fundador do Twitter, foi apontado como um anti-Mark Zuckerberg, já que o todo-poderoso do Facebook disse não acreditar em interferir em postagens de políticos.

A discussão passa pela liberdade de expressão e pela amplificação do que dizem políticos e poderosos em geral. A nova medida do Twitter, porém, visa mais o usuário comum que, por sua vez, também pode ativar um superpoder controverso: a viralização.

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Um alerta amigo do Twitter para quem retuita sem ler

O Twitter está testando enviar uma mensagem ao usuário que tentar retuitar um post contendo um link sem ter clicado para ler o artigo ou reportagem. É um alerta amigo na linha de “clica no link antes de retuitar, fera, pode ser fake news ou algo com que você nem concorda”. Por enquanto, só no Android, como diz o anúncio do teste:

Sharing an article can spark conversation, so you may want to read it before you Tweet it.

To help promote informed discussion, we're testing a new prompt on Android –– when you Retweet an article that you haven't opened on Twitter, we may ask if you'd like to open it first.

— Twitter Support (@TwitterSupport) June 10, 2020

Que fique claro: o Twitter não vai impedir ninguém de fazer o RT, ele só vai dar um toque que você pode estar vacilando. Além disso, a rede social não consegue identificar se você já leu o artigo via outra plataforma, ou seja, não vai ter cookie novo por aí.

Além de conter a desinformação, vale outro elogio aqui para a turminha do microblog. Hoje, as redes sociais fazem de tudo para que você passe mais tempo nelas, diminuindo a distribuição de posts com links ou mesmo impossibilitando que se coloque meios de saída para outros sites, como faz o Instagram. Já o Twitter quer que você clique nos links e fique mais informado antes de sair dando seus retuítes para a galera.

ryan gosling applause

Complementando, o líder do time de Produto do Twitter, Kayvon Beykpour, publicou a seguinte mensagem em sua conta pessoal

É fácil fazer links/artigos viralizarem no Twitter. Isso pode ser poderoso, mas também perigoso, especialmente se as pessoas não leem o conteúdo que estão divulgando. Esse recurso incentiva as pessoas a lerem um artigo vinculado antes de retuitá-lo.

Ou seja, é de fato um direcionamento vindo dos cargos mais altos da empresa. O contexto atual dos Estados Unidos também certamente ajudou nessa decisão, como vamos ver a seguir.

Twitter bate recorde de usuários ativos nos Estados Unidos

O Twitter já é, normalmente, o centro nervoso da distribuição de notícias e debates sobre temas do momento na internet. A agilidade e a timeline em ordem cronológica contribuem muito para isso, além da presença massiva de jornalistas, políticos e comentaristas do cotidiano em geral.

Após o assassinato de George Floyd, em 25 de maio, e a subsequente onda de protestos que tomou os Estados Unidos, ainda mais pessoas parecem ter voltado seus olhos para a rede social. Muitos vídeos das manifestações pelo mundo foram postados ali. A repercussão era mais amplamente discutida também. 

Assim, alguns recordes foram batidos no dia 3 de junho. O primeiro foi o de número de downloads do app em um só dia: 677 mil em todo mundo. O outro foi o de 40 milhões de usuários ativos nos Estados Unidos.

Os protestos haviam escalados após a decisão de Trump (lembra dele no começo do texto?) de caminhar até uma igreja próxima à Casa Branca para tirar uma foto segurando uma bíblia, dois dias antes. A polícia precisou abrir caminho para o presidente usando balas de borracha e bombas de efeito moral nos participantes.

De fato, é bem o tipo de coisa que é intensamente debatida e escrutinada em tempo real no Twitter. Outro fator é que o Twitter virou um veículo pessoal de transmissão de fotos, vídeos e informação para os manifestantes. Se você se lembra da Primavera Árabe, ocorrida em 2011, isso não é exatamente uma novidade.

Não decepcione o leitor que clicar no seu link

Para nós, que trabalhamos com Marketing Digital, a medida do Twitter certamente é bem vinda. Apesar de gerar um volume de tráfego cada vez menor para a maioria das empresas, um estímulo à leitura de materiais e blogposts é sempre uma boa medida.

Fica ainda mais importante oferecer aos seus leitores um título condizente com o que será apresentado no material por trás do link. Se já é difícil conquistar um visitante para o seu site, é ainda mais difícil fazer alguém decepcionado voltar.

Bruno Volpato

Bruno Volpato

Quem escreveu este post

Jornalista com mais de 10 anos de experiência em portais de notícias, blogs, assessoria de imprensa e redes sociais. Hoje sou editor deste blog e produtor de conteúdo na RD, além de fazer uns bicos de ator nas redes sociais da firma.

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