8 histórias reais para inspirar seu programa de inclusão

No Dia da Pessoa com Deficiência, nós da Resultados Digitais resolvemos trazer histórias dessas pessoas e seus gestores

Isa Meirelles
Isa Meirelles3 de dezembro de 2018
Semana da Transformação Digital

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Você já trabalhou com uma pessoa com deficiência? Ou já conviveu com alguém com deficiência na família e na escola? Se sim, você sabe como essa relação é construtiva. Se não, vamos te dar um motivo para querer fazer isso.

No Dia da Pessoa com Deficiência, nós da Resultados Digitais resolvemos trazer histórias dessas pessoas e seus gestores. Vamos contar o que essas duplas aprenderam trabalhando juntas e, principalmente, quais as barreiras presentes nessa relação.

Trabalhar com inclusão é sim difícil, e você vai ler isso em cada história. Porém, caminhos para contornar as dificuldades são extremamente recompensadores.

Bora para as histórias, então?

O primeiro RD Sum

Vinícius Schmidt, Diversidade & Inclusão

Era começo de 2017 quando Vinícius fazia sua primeira palestra sobre pessoas com deficiência na Resultados Digitais. Mal sabia ele que aquele seria seu local de trabalho nos próximos anos. O motivo do convite era o lançamento do RD Sum, o programa de Diversidade e Inclusão da organização.

Vini fez tanto barulho com sua palestra que o convite para integrar o time de Diversidade e Inclusão veio logo em seguida. Flávia Kotzias, idealizadora do programa e atual líder da área na RD, afirma que a presença de uma pessoa com deficiência no desenvolvimento de programas de inclusão desse público é fundamental devido ao seu lugar de fala.

Nada de nós sem nós. Esse é um dos valores essenciais do RD Sum, vivenciar e construir soluções em conjunto com as pessoas com deficiência para tornar o ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo. Segundo Vini, desde o começo os RDoers se mostraram muito receptivos a aprender mais sobre as deficiências e dispostos a construir juntos uma cultura cada vez mais inclusiva na organização. Mas houve barreiras no caminho.

“A falta de informação foi a primeira delas”, diz Vini. Por isso, um dos grandes esforços do programa foi aproximar as realidades das pessoas com deficiências à organização, para que as relações internas se tornassem cada vez mais orgânicas. E as mudanças foram perceptíveis.

“O ambiente de trabalho da RD está cada vez mais inclusivo, mas ainda temos o desafio das barreiras atitudinais, de quebrar estereótipos e preconceitos e mostrar o valor do trabalho do RD Sum”, diz. Aos poucos, as barreiras estão sendo derrubadas pela ação conjunta do Vini com o time RD.

O lugar de fala

Flávia Kotzias, Diversidade & Inclusão

“Na RD, a cultura inclusiva começou com os fundadores, então não foi preciso fazer um grande shift cultural, comum em empresas mais tradicionais”, diz a idealizadora do RD Sum, Flávia Kotzias. Para ela, esse foi um dos maiores diferenciais para a implementação do programa na empresa, que fluiu de forma natural com apoio da alta gestão.

Flávia começou sua trajetória com a diversidade ainda dentro da faculdade de psicologia da UFSC, onde atuou com a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e com estudos de gênero. Ela conta que o essencial do trabalho com diversidade e inclusão é estar aberto para novas soluções, mesmo que seja para desafiar suas crenças.

A criação de vagas exclusivas para pessoas com deficiência foi uma delas. Tanto para ela como para o Vini, no início fazia mais sentido criar vagas para todos os candidatos do que exclusivas, mas aí perceberam que estavam criando uma barreira. Muitas pessoas com deficiência não realizavam a inscrição pela descrença de uma candidatura justa em relação às pessoas sem deficiência.

O caminho encontrado pela dupla foi a criação de vagas exclusivas para PCD, de forma a proporcionar oportunidades adequadas a contextos diferentes vivenciados por cada pessoa.

Estar aberto à convivência e interação com a diversidade. Essa é uma das grandes lições que o Vini e a Flávia vêm compartilhando com o time RD.

Como um mochilão me trouxe à RD?

Samuel da Luz, Eventos

Samuel é um aventureiro. Gosta de corrida e de explorar outras perspectivas de vida. No final de 2017, quando já havia perdido quase toda a visão dos dois olhos, decidiu fazer um mochilão de redescoberta de si mesmo pelo litoral catarinense. Entre caronas e praias, Samuel relata que as conversas com os pessoas em situação de rua foram essenciais para perceber que havia outras formas de enxergar a vida. Floripa foi o destino final dessa viagem de redescoberta.

A mudança aconteceu em agosto deste ano. Samuel participou do processo seletivo de uma vaga do RD Sum e entrou para o time de eventos, já em ritmo de organização do RD Summit.

“Um olhar humano na contratação”, esse é o grande diferencial que o Samuel destaca da RD. Assim que chegou, foi acolhido por mentes abertas para receber a deficiência. Dessa forma que ele descreve o time de eventos e destaca que seu gestor, Denis Braguini, head de Eventos na RD, “foi o grande culpado por tudo estar dando certo, ele comprou a ideia, isso fez total diferença no meu processo”.

Conteúdo acessível é fundamental para a inclusão. Desde a candidatura à vaga até o uso do RD Station, Samuel conta que não enfrentou dificuldades para navegar nas plataformas da RD e acessar os conteúdos digitais por meio do leitor de telas.

Ainda há algumas barreiras de acesso à informação, como o uso de planilhas do Google Drive, que, segundo o Samuel, “parece um campo de batalha naval” porque é preciso ficar imaginando como as informações estão organizadas nas planilhas. Contudo, ele destaca que não considera um fator limitante para seu dia a dia.

“Essa é minha realidade e vou aceitá-la”. Esse é o pensamento que guia Samuel.

Busca por autonomia

Denis Braguini Bevacqua, Eventos

O time de eventos da RD é formado por problem solvers (solucionadores de problemas) e, na visão de Denis, head da área, a presença de Samuel é fundamental para trazer a perspectiva de alguém que enfrenta desafios diários em um país com pouca acessibilidade.

Essa é a primeira oportunidade do Denis em ser gestor de uma pessoa com deficiência. Ele conta que manifestou esse interesse para a área de Talent Management e em agosto deste ano Samuel entrou na equipe com sua energia contagiante.

“A inclusão no time foi muito natural, as pessoas estavam muito empolgadas em recebê-lo”, diz. Houve uma preparação inicial da equipe para trazer mais informações sobre a deficiência visual na busca por um ambiente mais inclusivo. Quando Samuel chegou, foi recebido por um profissional que o auxiliou com a leitura do ambiente da empresa para possibilitar seu melhor deslocamento.

As dificuldades surgiram. Denis relata que, no início, foi preciso realizar vários ajustes técnicos que ele não imaginava, como a adaptação do uso do Macbook para que Samuel conseguisse ter uma dinâmica fluida de trabalho.

Dinâmica de trabalho baseada no tratamento equitário e autônomo. É dessa forma que Denis construiu seu relacionamento profissional com Samuel, e os dois fizeram um acordo desde o início: “Não queria o Samuel atuando apenas em projetos para pessoas com deficiência. Hoje ela atua com diversos projetos”, conclui.

O poder de ser aceita

Luciane Marques, RD University

Luciane foi uma das primeiras pessoas com deficiência a entrar na RD, sendo a primeira com autismo. O desafio de entrar em uma nova empresa, conhecer novas pessoas, era difícil por si só, mas ela ainda entrou em uma nova função na sua carreira. Muita ansiedade, não é mesmo? Não é assim que ela avalia! “Desde o início foi incrível ver as pessoas preparadas para me receber. Elas me aceitaram, sabe? A minha vida inteira as pessoas criticavam quando eu fazia algo diferente, fazia as coisas do meu jeito. Aqui foi diferente”,  conta.

Luciane entende que suas dificuldades são reais: ambientes barulhentos, com muita gente, tiram ela do seu eixo, a “desorganizam”. Metas demais a deixam ansiosa, querendo alcançar o objetivo planejado, e acabam a desgastando demais. O que ela não estava acostumada é com as outras pessoas entenderem essas dificuldades. “Eu tenho dificuldade de comunicar meus problemas, acho que consigo superar, mas muitas vezes é bem difícil. Sempre que eu falei que estava mal, estava precisando de ajuda, as pessoas me ouviram!”, diz.

Não significa que toda a inclusão de uma pessoa com autismo seja fácil. Pelo contrário: exigiu muita dedicação e trouxe muitas situações adversas. Mudanças de posto de trabalho, adequação de demanda de trabalho, de horário de entrada e construção de relacionamento com os colegas — essa última a mais desafiadora — foram algumas das barreiras que surgiram. “Eu tive que entender meus limites, até onde eu conseguia ir no trabalho, nos ambientes. Tive muita sobrecarga, cheguei a ter sintomas mais sérios, e foi quando eu comecei a prestar mais atenção nisso.”

Autoconhecimento é a palavra que define essa trajetória, porém, para Luciane, a palavra que define um bom programa de inclusão é escuta. Ser ouvida, ver as coisas mudarem quando ela apontava um problema, foi o que mais fez diferença para ela. “Tudo era novo, tanto para a empresa como para mim, a gente estava descobrindo os problemas juntos”, ela relata, trazendo junto a dica de “nunca impor as coisas para as pessoas com autismo, sempre ouvi-las antes, elaborar as estratégias junto”. Mais que tudo isso, a ideia que concretiza a história de Luciane é pertencimento.

Empatia e alteridade

Michelly Fogaça, RD University

Incluir uma pessoa com deficiência em uma empresa não exige somente boa vontade, pessoas engajadas e coração. Na grande maioria das vezes, é o planejamento e a estruturação de ações que fazem a diferença. É o que a Michelly tira como grande aprendizado de liderar Luciane: “nós pensamos muito durante o processo seletivo da Luciane, queríamos fazer a coisa certa, colocar ela num ambiente acolhedor. Para isso acontecer, primeiro a gente precisava crescer internamente”, diz.

Na sua opinião, uma liderança precisa ser feita para as pessoas, visando o desenvolvimento. Porém, nesse caso, liderar envolvia muitos elementos novos, então era necessário aprender antes de qualquer coisa. “Eu virei uma especialista em autismo, pesquisei muito e aprendi mais ainda. A experiência com a Lu foi algo fantástico, eu cresci imensamente como gestora e, principalmente, como pessoa”, conta.

O desenvolvimento é mútuo quando falamos de inclusão, porque a construção é coletiva e contínua. Da mesma forma, não importa o quanto a gente estude, estar com a pessoa sempre será surpreendente.

“A gente se prepara para conhecer a teoria, mas a pessoa não é uma teoria. É fundamental entender as dores da pessoa, o que é individual dela.” No seu trabalho, Michelly entendeu a real inclusão, que não se faz na entrada da pessoa, mas que está presente a todo momento.

É fácil a gente esquecer uma deficiência invisível como o autismo. Vivemos naquela exclusão confortável de ‘ela está no canto dela e trabalhando, está resolvido’. Só que não está resolvido, porque não é um problema para começo de conversa. Incluir não é só a pessoa estar trabalhando, mas também estar se sentindo bem e participando da rotina do time.

A lição que ela daria para quem quer trabalhar com inclusão é entender que acessibilidade não é privilégio, é apenas uma equiparação de oportunidades. E, no caso de Luciane, ser acessível era ser empático, ter estrutura de trabalho e emocional. ser gestora e ser amiga também. “É mais que empatia, porque a gente nunca vai estar no lugar do outro… É alteridade, é reconhecer a dor do próximo, mas também entender que todos fazemos parte do mesmo ambiente, com nossas diferenças, e que não há problemas nisso”, conclui.

Comunicação é a raiz

Jomar Oliveira, Sucesso do Cliente

“O meu processo foi bem longo, quase seis meses. Isso mexe com a ansiedade da pessoa, não é?”, é como o Jomar começa o seu relato. Sua deficiência, auditiva, parece em essência uma barreira para realizar a job que ele queria, de sucesso do cliente. São muitas ligações, a comunicação é elemento fundamental, porém o laudo fonoaudiológico — e a persistência — deram a vaga de CSM para ele na segunda tentativa.

Surpreendentemente, não é a parte auditiva que impõe a maior barreira para Jomar em seu trabalho. “Sou muito acostumado a ver as expressões faciais, os gestos, toda a comunicação não verbal da pessoa, isso ajuda a entender o que a pessoa quer dizer”, relata. Ele lembra que nunca teve que falar para um cliente que tinha deficiência. Na verdade, sua comunicação durante as ligações é sempre tranquila.

Se não entende o que a pessoa fala, pede para repetir, e se percebe que ruídos e barulhos podem atrapalhar, ele já se adianta, e avisa desde o início que pode pedir para a pessoa repetir. “Alguns colegas inclusive têm dificuldades, de vez em quando, em ouvir a pessoa do outro lado da call, por barulhos, conexão instável e diversas outras coisas. Acho que até por já estar acostumado com essas situações no dia a dia, eu me adianto e tento prevenir”, conta.

É nessas duas bases, comunicação e antecipação, que Jomar acredita que é possível trabalhar um bom programa de inclusão. Sempre disposto a educar os amigos, ensinar as suas peculiaridades — como a necessidade de colocar os aparelhos depois de uma call, já que os retira para usar o fone — ele vê na liberdade de poder falar as coisas que o incomodam uma importante ferramenta.

Porém, esse ambiente foi construído com uma preparação do lado da empresa, de tentar quebrar as barreiras antes mesmo que elas apareçam. “A RD foi muito acolhedora comigo, me deram a flexibilidade de ficar sozinho em uma sala para fazer ligações, se preocuparam com o fone que eu ia usar, capacitaram as pessoas para entenderem as minhas necessidades”, diz.

Prestar atenção é essencial

Nicolas Beschoren, Sucesso do Cliente

Como gestor, Nicolas tem uma abordagem humana. Conhece cada um dos seus liderados, seus gostos, manias, demandas e medos. É assim que ele acredita que o trabalho deve ser feito, e mesmo sem saber ele sempre alimentou a inclusão em seu time. Porém, admite, sem anseio, que teve suas preocupações com a entrada de Jomar.

“Quando a gente iniciou o processo, eu tinha preocupação se ele conseguiria realizar a job sem se sentir prejudicado. Não tanto por ele, mas pelas condições que nós conseguiríamos dar para ele”, fala. O laudo da fonoaudióloga o tranquilizou e dali para frente “o processo correu super bem. Pra ser bem sincero, não sinto nenhuma diferença no dia a dia com o Jô”.

É com apelidos carinhosos e uma escuta atenta que Nicolas foi construindo um ambiente cada vez mais inclusivo em sua equipe. A comunicação, assim como para Jomar, é o elemento central de seu estilo. Conversa muito com os liderados, quer saber do trabalho, das metas, mas também da vida, das alegrias e tristezas. “A inclusão é para todas as pessoas, todas as diferenças”, diz.

Na sua opinião, um gestor precisa, antes de qualquer coisa, entender até onde a deficiência da pessoa vai. O que limita essa pessoa no trabalho, o que a potencializa? Como ela gosta de trabalhar? Porém, independentemente de como ele se prepare, liderar é lidar com o imprevisto. “Eu me sentia inseguro, porque é impossível me colocar na pele dele, eu tinha que perguntar como estavam as coisas e esperar que ele estivesse confortável para falar dos possíveis problemas”, conta.

Se ele pode deixar uma dica para futuros líderes de pessoas com deficiência, é: “converse com seu liderado sempre. Construa junto dele um ambiente de confiança, para a pessoa trazer suas dificuldades sem ter medo. O trabalho de inclusão é responsabilidade do líder e seu time”.


Clique na imagem abaixo para conhecer o programa RD Sum. Fazendo isso, você também poderá se aplicar para vagas na Resultados Digitais. Se esse não for o seu caso, mande o link para alguém que você conhece que possa se interessar em participar!

Isa Meirelles

Isa Meirelles

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